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James Nunn, ao dirigir “Tubarão: Mar de Sangue”, consegue um feito notável ao evocar o suspense palpável do seminal “Tubarão”, de Spielberg, sem cair na mera imitação.
A trilha sonora de Walter Mair, por exemplo, é uma entidade por si só, capaz de inflamar o pavor ancestral do homem pelo desconhecido marinho, ao mesmo tempo que honra a influência inegável do predecessor. O filme é uma ode aos clássicos do gênero, e ao mesmo tempo, um comentário penetrante sobre a humanidade e suas falhas ecológicas.
Nunn, com sua assinatura em narrativas de ação e suspense, não se limita a reverências cinematográficas. Ele se aventura mais além, trazendo à tona a irresponsabilidade ambiental e o descaso juvenil com questões cruciais. Saltrese, o roteirista, urde uma história que edifica o suspense em uma estrutura crescente, levando a uma convergência de tensões que Nunn articula com maestria. A composição do filme, enriquecida por personagens bem elaborados, destaca-se pela performance de Holly Earl, cuja representação de Nat se entrelaça com a luta pela sobrevivência, tanto do corpo quanto da alma.
Visualmente, o filme não hesita em exibir cenas de um terror visceral, cuja coreografia meticulosa é tão chocante quanto é cativante. Nunn, com um manejo magistral do suspense, orquestra a violência com um timing que maximiza o impacto emocional, mantendo a atenção do espectador em cada momento de tensão.
“Mar de Sangue” se afasta do convencional ao abordar temas contemporâneos como alienação juvenil, tecendo uma crítica ao comportamento humano e à nossa interação com a natureza. O enredo é habilmente costurado, evitando clichês, e promove uma reflexão sobre os temas que toca. A película brilha com um subtexto relacional e moral, visto no triângulo amoroso entre Nat, Milly e Tom, onde a lealdade e o sacrifício são explorados com complexidade.
A escolha de Nunn em enfocar o desenvolvimento dos personagens concede ao filme uma profundidade que transcende o gênero de terror. Cada ator contribui para essa profundidade, com Jack Trueman e Catherine Hannay oferecendo performances que adicionam tensão e nuances ao drama humano em jogo. O filme, com suas performances notáveis e direção segura, renova o gênero de terror marinho, e sua habilidade em fazer isso é admirável, fazendo de “Tubarão: Mar de Sangue” um título memorável em seu repertório.
O longa de Nunn, ao mesmo tempo que homenageia e inova, estabelece um lugar próprio no cinema de terror, sendo tão eficaz como comentário social quanto é como uma experiência de suspense. A habilidade de Nunn em dar nova vida a um gênero tão explorado confirma “Tubarão: Mar de Sangue” como um filme distintivo e impactante.
Filme: Tubarão: Mar de Sangue
Direção: James Nunn
Ano: 2022
Gêneros: Terror/Drama
Nota: 9/10
REVISTA BULA - POR FERNANDO MACHADO EM FILMES - 07/11/2023