Prejuízo bilionário dos Correios expõe impacto da "taxa das blusinhas"

Estudo revela que Correios deixaram de arrecadar R$ 2,2 bilhões devido à nova taxa de importação para compras internacionais
Um estudo recente dos Correios confirma o impacto negativo da nova taxa de importação para compras internacionais de até US$ 50, sancionada pelo presidente Lula após aprovação no Congresso. A medida, em vigor desde agosto de 2024, elevou a arrecadação federal, mas causou uma perda bilionária à estatal.
Segundo o levantamento, os Correios deixaram de arrecadar cerca de R$ 2,2 bilhões com o fim da isenção tributária sobre encomendas internacionais abaixo de US$ 50. Conhecida como “taxa das blusinhas”, a nova regra alterou drasticamente o cenário das importações no país.
Embora o governo tenha ampliado a receita com a taxação, os Correios viram seu faturamento despencar. A estatal projetava arrecadar R$ 5,9 bilhões com o transporte de mercadorias da China em 2024, mas o valor real ficou em R$ 3,7 bilhões, uma queda expressiva nas expectativas.
O estudo também aponta que empresas como Shein, AliExpress e Amazon passaram a estruturar suas próprias redes logísticas, tirando espaço dos Correios. Com isso, a participação da estatal no mercado de entregas internacionais caiu de quase 98% para apenas 30% em janeiro de 2024.
Durante uma audiência na Câmara dos Deputados, o presidente dos Correios, Fabiano Silva, reconheceu os prejuízos causados pela nova política. Ele afirmou que a lei abriu espaço para que transportadoras privadas disputem o mercado, reduzindo ainda mais a relevância da estatal.
Como resposta, os Correios anunciaram a criação de um marketplace próprio, com entregas em todo o país. A ideia é diversificar as fontes de receita e competir no comércio eletrônico com as gigantes internacionais.
Antes de sancionar a medida, o próprio presidente Lula chegou a criticar a proposta. Hoje, duas faixas de tributação são aplicadas: 20% sobre compras de até US$ 50 e uma taxa que pode chegar a 60% para produtos acima desse valor, com desconto padrão incluído.
Apesar da alta na arrecadação — que somou R$ 2,8 bilhões em 2024 — o número de encomendas internacionais feitas por brasileiros caiu 11%, passando de 209,58 milhões em 2023 para 187,12 milhões no ano seguinte.
DIÁRIO DE SÃO PAULO - William Oliveira Publicado em 04/04/2025