SUS adota teste para detectar sinais de autismo a partir dos 16 meses

Medida faz parte da nova linha de cuidado para TEA anunciada pelo Ministério da Saúde
Em um movimento significativo para a saúde pública, o Ministério da Saúde do Brasil anunciou na quinta-feira (18), que profissionais da atenção primária serão responsáveis pela realização de testes que detectam sinais de Transtorno do Espectro Autista (TEA) em crianças com idades entre 16 e 30 meses. Essa medida faz parte de uma nova linha de cuidado dedicada ao TEA, visando aprimorar a avaliação do desenvolvimento infantil.
A proposta do ministério é que intervenções e estímulos possam ser aplicados mesmo antes da confirmação oficial do diagnóstico. Em comunicado, a pasta enfatizou a importância da intervenção precoce para promover a autonomia e as habilidades sociais das crianças afetadas.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou que esta é a primeira vez que o governo estabelece uma linha de cuidado especificamente voltada para o TEA. Ele destacou que o foco principal é o diagnóstico precoce, que permite iniciar as intervenções assim que sinais são identificados. "Essa abordagem poderá ter um impacto significativo no desenvolvimento dessas crianças", afirmou Padilha.
Segundo estimativas do governo, cerca de 1% da população brasileira convive com o TEA. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 71% dessas crianças também apresentam outras deficiências, evidenciando a necessidade de uma abordagem integrada através do Sistema Único de Saúde (SUS).
A nova linha de cuidado oferece diretrizes aos gestores e profissionais de saúde sobre o funcionamento da rede de atendimento, desde a atenção primária até os serviços especializados, enfatizando a triagem precoce e o início imediato da assistência.
O teste de triagem M-Chat, utilizado para detectar sinais de autismo em crianças pequenas, estará disponível na Caderneta Digital da Criança e no prontuário eletrônico E-SUS. Com a identificação antecipada, os profissionais poderão orientar as famílias quanto às intervenções necessárias.
A atualização também inclui um Guia de Intervenção Precoce revisado, que será colocado em consulta pública. O documento disponibiliza informações sobre os estímulos e terapias recomendados para crianças com indícios de TEA.
A nova linha de cuidado ainda enfatiza a necessidade de acolhimento e suporte às famílias, reconhecendo seu papel essencial no desenvolvimento infantil. As ações incluem orientação parental, grupos de apoio e capacitação para os profissionais da atenção primária, visando promover práticas eficazes no ambiente domiciliar.
Por fim, o ministério expressou seu compromisso em reduzir a sobrecarga das famílias e fomentar vínculos afetivos saudáveis através da implementação do programa de treinamento para cuidadores desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), direcionado a famílias com crianças apresentando TEA ou atrasos no desenvolvimento.
DIÁRIO DE SÃO PAULO - Gabriela Nogueira Publicado em 19/09/2025, às 15h14